5 RI (Quinta Revolução Industrial) – transição ou uma nova era?
- Nana Guerreiro
- 9 de mai.
- 3 min de leitura
Por Armando Martinho, CTO da Linkcom

Vivemos tempos de aceleração exponencial. O conceito emergente de Quinta Revolução Industrial (5RI) não surge do nada — é o próximo passo lógico (ou talvez ilógico, porque profundamente humano) na contínua evolução da forma como produzimos, inovamos e nos organizamos como sociedade.
A Indústria 5.0 propõe um novo equilíbrio: depois da automação em massa e da digitalização extensiva promovidas pela Indústria 4.0, entramos agora numa fase onde o toque humano, a criatividade e a ética voltam ao centro. Não se trata apenas de integrar inteligência artificial e robótica — trata-se de o fazer ao serviço das pessoas.
Para compreendermos onde estamos, é essencial revisitarmos o caminho que nos trouxe até aqui:
1. Primeira Revolução Industrial (c. 1750 – 1850)
Tecnologia-chave: Máquina a vapor
Impacto: Iniciada no Reino Unido, marcou a transição da produção manual para a mecanizada. A invenção de James Watt (1776) permitiu revolucionar transportes (comboios, barcos) e fábricas, criando o conceito moderno de produção em série.
2. Segunda Revolução Industrial (c. 1870 – 1914)
Tecnologia-chave: Eletricidade e produção em massa
Impacto: A linha de montagem, popularizada por Henry Ford, e os avanços na eletrificação transformaram a produtividade industrial. Surge o modelo de produção em larga escala, com ganhos económicos e sociais profundos.
3. Terceira Revolução Industrial (c. 1970 – 2000)
Tecnologia-chave: Computadores e automação
Impacto: A digitalização começa com os primeiros computadores, evolui com a internet, e transforma radicalmente a forma como as empresas operam. Surgem os primeiros sistemas automatizados de controlo industrial e novas formas de comunicação global.
4. Quarta Revolução Industrial (c. 2010 – 2020)
Tecnologia-chave: Internet das Coisas (IoT), IA, Big Data
Impacto: Com a interligação entre máquinas e dados em tempo real, a Indústria 4.0 automatizou ainda mais os processos, introduzindo robôs autónomos, digital twins e análise preditiva. A pandemia acelerou a adoção em muitos setores.
5. Quinta Revolução Industrial (c. 2021 – …?)
Tecnologia-chave: Colaboração homem-máquina, IA generativa, robôs colaborativos (cobots)
Impacto: Ao invés de substituir humanos, as tecnologias agora complementam as suas capacidades cognitivas e criativas. O foco desloca-se da eficiência para a personalização, da produção em massa para o valor individualizado, da máquina autónoma para a simbiose entre homem e máquina.
“A Quinta Revolução Industrial não é apenas uma continuação: é uma correção de rota.“
Os seus fundamentos são claros:
Humanização: Recolocar o ser humano no centro da produção, valorizando a empatia, criatividade e adaptação — tudo aquilo que nenhuma IA consegue replicar com fidelidade.
Sustentabilidade: Adotar modelos que respeitem os limites ambientais, recorrendo a energias limpas, à redução de desperdícios e à circularidade de recursos.
Resiliência: Preparar sistemas e organizações para lidar com disrupções frequentes, desde pandemias até ataques cibernéticos, garantindo continuidade operacional.
A colaboração homem-máquina permite processos mais ágeis e personalizados, mas exige um novo tipo de infraestrutura — híbrida, ágil, integrada. A criatividade humana, aliada à capacidade de processamento da IA, desbloqueia inovações antes impensáveis.
Contudo, a digitalização traz consigo uma ameaça crítica: a segurança.
Será que a Cibersegurança o Elo mais fraco da 5RI? Uma vez que tudo está interligado — sistemas industriais, plataformas cloud, sensores IoT, e até dispositivos biomédicos — a superfície de ataque cresce exponencialmente. Estimativas apontam para um custo global de 10,5 biliões de dólares/ano em cibercrime até 2025. A proteção digital deixa de ser um tema técnico para passar a ser uma prioridade estratégica.
E para isso. as organizações têm de adotar posturas proativas:
Arquiteturas Zero Trust
Automação de resposta a incidentes
Inteligência de ameaças em tempo real
Cultura de cibersegurança transversal às equipas
Commentaires